Está uma noite exótica por aqui, eu diria mesmo linda para a qualificar. sinto-me concentrada depois de meia-hora à chuva quente e à trovoada deste tempo primaveril. Agora, sentada no sofá, de janela aberta, ouço a chuva a cair lá fora e estou bem; quando troveja. Gosto deste tempo de Leipzig, gosto desta cidade. não sei o que me traz o futuro, mas algo se fez muito claro para mim com esta caminhada na noite. Quando vim para cá, este desconhecido tempo e espaço meio árido, ariano, não era mais que o reflexo da da minha espaltada alma. Viver num sítio que não se integra bem na alma, nem a acolhe, tenta-se percebê-lo de longe, por meio da observação. Todos os dias se observa e vamos dando a mão muito devagarinho, quase como quando se faz amor. Fiz amor com esta cidade em mim.

Hoje estou próxima da "reunificação" de corpo e espírito, assim como esta cidade é símbolo de uma Alemanha separada antes e ainda hoje - ainda no processo de se ambas encontrarem.

Estou há quase dois anos a viver de costas voltadas para o monumento que Schröder inaugurou em 91. Quero viver voltada para ele, vivê-lo todos os dias e senti-lo muito. Fico feliz por ter percebido um dos mistérios que a minha vida cá me tem vindo a revelar. Será que depois desta revelação, Leipzig ainda me traz mais novidades ou está na hora de partir?