Sunday, January 07, 2007

A carta da noite: os enamorados. Italo Clavino teria elucidado isto de uma forma mais romanceada, mostrando que a o todo é mais do que a soma das partes, mas que inegavelmente a sua coerência é fundamental, para se retirar uma conclusão, ainda que relativa. A este propósito ler "O Castelo dos Destinos Cruzados", muito bom, põe em prática Deleuze e o seu rizoma; ainda que sem este nome, a preocupação de Calvino era a mesma.
É isto que gosto na Alemanha, em Leizig, a possibilidade de participar em actividades, que no panorama da juventude portuguesa, portuense, da foz do douro seria no minímo, estranho. Não é impensável que um jovem promova o seu primeiro livro com uma apresentação do mesmo, uma mini-leitura do que nesta cidade se faz todos os dias impreterivelmente e não é impensável que até convoque outras artes para dar um ritmo mais convidativo à mesma. o que me parece interessante e, foi sem dúvida esta noite, foi que uma jovem tenha pensado em editar o seu livro, uma editora pequena tenha aceitado o desafio, faça esta apresentação e revele alguns poemas desembrulhando a noite ao som de um piano, de uma cantora com uma voz quase soul, de uma bateria e de um outro instrumento que não descodifiquei o nome. enfim, capacitou-se de uma boa equipa para dar este primeiro salto na vida de poeta publicamente. Esta pompa parece-me também possível em Portugal, até no Porto me estou a lembrar de repente de bares como o Púcaros, onde também eu tantas vezes recitei poemas de outros e meus - nessa fase também muito íntimos.Mas que interessa, se se dá o melhor de si aos outros? melhor passaporte não há! mas voltando ao que acho mesmo fenomenal é que uma associação qualquer que não me lembro do nome aceite fazer esta divulgação do livro e uma festa, sim, pois tanta gente apareceu, quer para a parte cultural, quer para a segunda, a da verdadeira festa da dança, do encontro - gostei de ver! - numa casa, cujas instalações a cair, ou pelo menos, dir-se-ia que não estaria nas condições mais apresentáveis: o estuque fazia literalmente caracóis pendurados do tecto, a casa-de-banho indescritível - já vi, mesmo assim, piores! - o hall da entrada, sim estava bonito, pintado de um vermelho escuro, fazendo sobressair umas arcadas douradas, por onde todos entraram e após subir as escadas, já todo o enredo era diferente - convém referir, que nessa bela entrada se pagava o bilhetinho da noite e vamos que o cliente via o ambiente pouco atraente?!Cá fora, o nrº.33 foi o prédio mais visitado da rua, era o único sinal de que havia ali algo digno para se ver!
os enamorados é a carta das escolhas, em geral. escolhi não dançar muito tempo, não dar o número de telefone, vir para casa sozinha e não consegui decidir se prolongaria a noite ou não, em suma, continuei sem decidir uma quantidade de coisas. e decidi pelo seguro, voltar para casa depois de uma noite de pensamentos rizomáticos, sem deixar realmente saber o que seria do destino de qualquer das ecolhas que tivesse feito nesta noite. mas fico contente que as artes numa casa velha tenham dado à luz, independentemente...

(p.s.hei-de escrever também sobre o meu natal...)

3 Comments:

At 2:02 PM, Blogger melita said...

As escolhas e os destinos que lhe estão associados serão sempre enigmas que nunca iremos completamente decifrar... sei de uma coisa: normalmente o arrenpendimento de não ter feito pesa mais do que o do contrário! De qualquer modo, entendo-te... e desfrutar desses ambientes sem nos embrenharmos demais, é uma das belezas da vida por essas terras frias...
Beijos
P.S. estou a gostar de ter umas coisas novas para ler ;)

 
At 11:46 PM, Blogger vamos-indo said...

24hrs depois tenho a certeza de que escolhi a coisa certa, pelo menos uma vez na vida - o meu faro continua apuradissimo! ser "happy" é uma característica que paira nos homens de leipzig. ainda bem para eles!!!:-)

 
At 1:40 PM, Blogger melita said...

não há nada como os verdadeiros tugas!!!
;-)

 

Post a Comment

<< Home