Ouvindo Mariza, "Cavaleiro Monge", pego num livro, abro ao acaso e vejo um poema que se encaixa, ainda que de longe, na música e neste ambiente em que arrumo papéis, papéis, emails, papéis e memórias de um bom natal em casa. Não resisti a escrevê-lo aqui, especialmente porque tenho de ir lavar uma panela com o que era o meu almoço antes de se queimar, e torrando o fundo do tacho, manifestou-se também, contribuindo para esta sinfonia de sentidos - desta vez um cheiro a torrado, sobre um fado meio arabesco e o tal poema que vos deixo:
Falando a si próprio
Contenta-te com o que tens neste momento
Inda que seja pequeno um tal quinhão.
E se perdeste a pátria, sai do fundo,
Encontras em Deus remédio p'ra tudo
Procura em tua fé consolação.
Quando lembranças te perfuram o escudo
E lágrimas, em torrente, te correm pela cara
Lembra-te do rei, que em tempo foste,
Pilhado pela sorte da forma mais avara.
Habitua-te, pois, à adversidade,
Olhar em frente ajuda a libertar.
Pede a Deus desculpa com humildade
E talvez ele te possa perdoar.
Al-Mu'tamid (cultura Árabe)
in O meu Coração é árabe, de Adalberto Alves
Após escrever e reler este poema, confesso que não queria comer o que estava a aquecer no tacho - Couscous com lagostins. Fiz esta iguaria ontem ao jantar, mas dormi a sonhar com o viveiro algures num rio da China, o qual imagino vermelho-alaranjado da cor dos bichinhos que acabaram de torrar...
1 Comments:
Também adoro ouvir Mariza...
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